O ano de 2019 foi mais um ano de luta na Educação Pública, logo, para as universidades públicas não seria diferente, uma vez que entre a luta por bolsas de pesquisa e assistência estudantil, as condições da própria estrutura dos campi demandavam ação. Junto a isso, no contexto da nossa universidade também estavam em pauta as lutas contra as ameaças de demissões e atraso de salário dos trabalhadores terceirizados. Em 14 de maio de 2019, na assembleia geral dos estudantes da Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF) no campus de Juazeiro – BA foi aprovada a construção do Comitê em Defesa dos Terceirizados da universidade, dentro do qual os interesses dos trabalhadores seriam defendidos juntamente aos interesses dos estudantes.
Infelizmente, a realidade é que quando alguns trabalhadores vão lutar por condições de trabalho mais dignas ou reivindicar salários em atraso, por exemplo, são repreendidos pelos seus patrões e até mesmo por seus sindicatos. Esses trabalhadores fazem parte do dia a dia da comunidade acadêmica, em resumo, são essenciais; dos motoristas de ônibus que nos transportam, ao auxílio nos laboratórios; das luzes que encontramos acesas à limpeza dos locais. Esses trabalhadores constroem e fazem parte do que chamamos de Universidade, e devem ser tão valorizados e reconhecidos como em qualquer outro setor.
Contudo, durante a pandemia, ainda no primeiro semestre de 2020, a realidade era de descaso e completa falta de visibilidade. Vários terceirizados ainda não haviam recebido os kits EPIs para continuar desempenhando suas funções de modo seguro, como máscaras e álcool em gel, por exemplo. Tal realidade foi presenciada pelos próprios estudantes que faziam parte do comitê. A partir disso se iniciou uma campanha financeira, com apoio de alguns centros acadêmicos e pessoas engajadas no movimento estudantil. Foi só depois de muita cobrança e apoio mútuo entre os próprios estudantes e trabalhadores de forma autônoma que, tanto por parte das empresas terceirizadas como por parte da Instituição, começaram a ser distribuídos os kits para todos os terceirizados que ali exerciam suas funções presencialmente.
Foram arrecadados por volta de R$ 479,00 que junto à quantia em caixa obtida por conta das atividades da I Feirinha em Defesa dos Terceirizados, a qual contou com a contribuição de estudantes e trabalhadores, somaram um total de R$ 570,37. Esse valor foi gasto em máscaras, álcool em gel e detergente para higienização das mãos. As distribuições ocorreram nos campi CCA e Centro de Petrolina (PE) e Juazeiro (BA).
É importante destacar que houve “cobranças” por parte de alguns setores da comunidade acadêmica a respeito da não utilização de máscaras por alguns trabalhadores terceirizados. Todavia, lembramos que muitas dessas pessoas não se comoveram ou prestaram qualquer tipo de solidariedade quando, nem por parte da empresa e nem por parte da Univasf, os kits EPIs não estavam sendo disponibilizados em um período inicial.
Reconhecemos as limitações por parte do setor estudantil da universidade a unir forças à luta dos trabalhadores, mas destacamos essa união como fundamental. Os cortes na Educação afetam uma totalidade, dos setores terceirizados até chegar os estudantes que dependem de assistência estudantil para permanecerem na universidade. Por isso convocamos toda a comunidade acadêmica a fazer parte do Comitê em Defesa dos Terceirizados. A LUTA É CONSTANTE, POIS TODA CONQUISTA É TEMPORÁRIA!