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10 anos do Vale Acordou: a luta é constante e o Vale sempre resistiu!

A região do Vale do São Francisco, assim como outras localidades do país, enfrenta o desemprego e a precariedade de vida, em particular, a região ainda conta com fortes influências externas devido ao agronegócio como política econômica predominante. Tendo financiamentos internacionais que interferem desde a educação até a política desses polos.

Carregando uma herança coronelista e oligarca, as cidades enfrentam a presença de famílias em cargos políticos, empresas e diversos setores importantes para a população das localidades. Um exemplo disso é a máfia dos transportes públicos, que quer do lado de Pernambuco, em Petrolina, quer de Juazeiro e Sobradinho, na Bahia, os chamados “peixões” predominam e seguem enchendo os bolsos à custa do povo, tendo um histórico de ameaças e entre outras formas de intimidações a quem compra a briga para melhoria do transporte público. Enquanto a passagem segue aumentando absurdamente, os serviços oferecidos ficam cada vez mais deploráveis como a falta de frota causando ônibus superlotados; falta de acessibilidade; preços abusivos das passagens; exploração dos motoristas, que sofrem com sobrecarga de trabalho e às vezes até mesmo salários atrasados e atrasos das viagens com a implantação de “tecnologias” nas catracas, que têm como justificativa facilitar o dia a dia do usuário dos transportes, mas que na prática nada mais são do que maneiras de burocratizar o transporte público, acarretando no atraso da viagem para trabalhadores e estudantes.

Mas a região já tem histórico de atos mais combativos e com adesão por um grupo considerável da população como o VALE ACORDOU de 2013. Atos que já fecharam a ponte que une as cidades de Juazeiro (BA) e Petrolina (PE), e que reuniram estudantes e trabalhadores, desde a pauta de melhoria do transporte público e direito de transitar pela cidade, até a defesa da ilha do fogo como local a ser acessado pela população. Por pautas locais, regionais e nacionais, a população da região do Submédio do São Francisco sempre lutou, e a ideia de uma população submissa faz parte de uma propaganda política dos velhos que é inclusive regurgitada pelos novos coronéis, escondidos atrás de grandes empresas e cargos públicos.

A politicagem predomina. Isso é válido tanto para os partidos mais conservadores ligados à direita, como aos partidos mais progressistas ligados à esquerda, fazendo com que a população da região tenha certa aversão a alguns debates políticos. Nem por isso a população deixa de denunciar e se organizar comunitariamente, tendo algumas iniciativas autônomas nas três localidades em que o nosso coletivo atua, Petrolina (PE), Juazeiro e Sobradinho (BA).

Isso pode acontecer por causa de dois fatores, o primeiro é a questão precária em que se encontra a situação de algumas famílias, que estão preocupadas primariamente com a sua sobrevivência e acabam não associando sua condição a uma questão de luta política, menos ainda tendo tempo para se dedicar ou contribuir para uma linha política, mas não por uma velha imagem de “pobreza no Nordeste” que se criou no imaginário dentro e fora do país, mas por um processo de extrema violência, em que ainda predomina o controle dos territórios internos e externos das cidades. Trabalhadores tendo que abdicar de suas terras e se depararem com uma vulnerabilidade e insegurança nas cidades por serem expulsos dos seus territórios devido ao avanço do Capital no campo. As autoridades, enquanto se camuflam de estados e municípios modernos, seguem repetindo as mesmas políticas arcaicas de trabalho, que incluem um prato de comida por uma capinagem e supostos favores com plano de fundo de precarização e espaços de trabalho insalubres.

O segundo fator, se dá por um déficit teórico e de coerência política em que, por apego às instituições e aversão a políticas revolucionárias, até mesmo professores doutores das universidades públicas com históricos de luta política e que têm condições financeiras mais estáveis, usam alguns autores e nomes importantes de lutas políticas mais combativas para acabarem esvaziando seu caráter revolucionário. Incorporando uma aversão a falas e ações mais combativas, seja no próprio espaço acadêmico, seja nas manifestações a outros espaços coletivos.

Por isso é importante resgatar a luta da população do Vale do São Francisco e tantas outras que carregam cada cidadão do Submédio do Vale em seu enfrentamento diário pela sobrevivência e por uma vida digna. SEMPRE RESISTIMOS, MAS É PRECISO AVANÇAR PARA A OFENSIVA! SIGAMOS, VENCEREMOS!

Confira o texto da Federação das Organizações Sindicalistas Revolucionárias do Brasil (FOB) sobre os 10 ANOS DA INSURREIÇÃO DE JUNHO DE 2013