Nessa semana ocorrerão as primeiras eleições dos conselhos superiores da UnDF, entidades acadêmicas deliberativas e onde se centram disputas políticas em relação à condução de diversas atividades e funções da Universidade.
No entanto, o que a reitoria apresenta, de forma mentirosa e dissimulada, como formalização de uma suposta “gestão democrática” e de participação dxs trabalhadorxs e estudantes é na verdade um meio para a solidificação do poder de mando e desmando totalmente centralizado na própria gestão que, lembra-se: não se constitui com NENHUM/A PROFISSIONAL DE CARREIRA DA UNIVERSIDADE.
Tais conselhos, na atual composição, bem como o processo eleitoral em si, são na realidade a manifestação integral da posição flagrantemente autoritária e mentirosa da atual gestão pro tempore. O edital das eleições, por exemplo, apresenta uma composição de cargos eletivos para discentes, docentes e técnicos administrativos, OMITINDO que os conselhos terão um total de 48,1% de cadeiras se constituindo por INDICAÇÃO DIRETA DA PRÓPRIA GESTÃO, não havendo qualquer tipo de participação democrática ou votações para a maior parcela dos cargos.
Somado a isso, o edital gera outra confusão ao omitir que a UnDF NÃO POSSUI, ATUALMENTE, CARGOS DE TÉCNICOS ADMINISTRATIVOS OCUPADOS POR PROFISSIONAIS DE CARREIRA. Isto é, todos os cargos administrativos estão ocupados por profissionais transferidos da Seduc, sendo praticamente nenhum técnico administrativo de origem, e sim, na maioria, outras carreiras como de professor/a da rede básica.
A implicação disso é que a gestão pro tempore pode chegar a possuir, virtualmente, até 66,7% de poder de voto nos conselhos e nas decisões políticas, acadêmicas e institucionais da Universidade. A consolidação dos conselhos nesses moldes representará, para a comunidade acadêmica (da qual a gestão atual explicitamente não faz parte por, novamente, não serem profissionais de carreira), ter suas mãos atadas contra o atual projeto educacional de precarização e elitização do ensino superior público.
Decisões como a construção de Restaurante Universitário, soluções de permanência estudantil, reformas infraestruturais, formalização de coordenações de curso, parcerias para estágios e extensões externas, disponibilização de recursos para pesquisa, participação da Universidade em simpósios e convenções científicas, gestão geral de recursos(alguns deles, hoje, impedidos de serem utilizados justamente por precisarem ser votados nos conselhos), constituição da lista tríplice de candidatxs à posição da reitoria, etc. estarão totalmente centralizadas no poder de decisão da gestão. No que tange à lista tríplice, isso ainda agrava a situação, pois representa um risco do grupo político da atual gestão permanecer conduzindo a universidade até pelo menos 2030.
Entendemos, portanto, que a consolidação desses órgãos colegiados representam um iminente risco de termos nosso poder, enquanto comunidade acadêmica, de participar e construir os rumos da universidade, significativamente reduzido. Entendemos que os conselhos, nesses moldes, são intrinsecamente antidemocráticos e qualquer chapa construída e eleita não terá qualquer participação efetiva nas deliberações dos conselhos, o que faz dessa participação em tais órgãos meramente performática.
Defendemos, assim, o boicote geral a essas eleições, seja para constituir chapas, seja para votação, a fim de não dar legitimidade a uma entidade, por natureza, ilegítima. Convidamos também toda a comunidade acadêmica a participar das aulas públicas a serem oferecidas pelo Sindicato dos Docentes na quarta-feira, dia 20/03, onde serão coletadas assinaturas pela anulação das eleições, bem como organizados debates para definição das estratégias para garantir a participação democrática de discentes e docentes nos rumos da universidade.
NÃO VOTE para constituir uma universidade antidemocrática, LUTE por autonomia e participação das bases na construção da universidade pública que desejamos!
Lutar para estudar, estudar para lutar!